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O que Jesus tem a ver com a violência?

  • Junior Araujo
  • 18 de jan. de 2016
  • 4 min de leitura

A conquista de Canaã, como descreve a Bíblia, foi sangrenta. Algumas cidades, como Jericó foram destruídas à espada. Não é perigoso ter este tipo de material na Bíblia? Estas histórias não poderiam incitar os cristãos a atos de derramamento de sangue, ou até mesmo genocídio, contra os outros? A resposta a esta pergunta é um "Não!" muito enfático.

Há várias razões pelas quais a conquista de Canaã e outras histórias de conflito na Bíblia não incitam os cristãos a atos violentos da insurreição, assassinato e genocídio.

Uma delas é o fato de que a narrativa da conquista de Canaã era inteiramente específica sobre uma situação. Sim, há uma instrução divina narrada na Bíblia, de tomar a terra pela força e ocupá-la, expulsando os seus habitantes (Nm 33:52). Todavia, isto não representava uma permissão eterna para que os crentes guerreassem. A instrução dizia respeito a uma época e a um lugar específico. Segundo a Bíblia, os cananeus colocaram-se sob juízo divino, por causa de seus costumes religiosos, acima de tudo, devido o costume de sacrificar crianças aos seus falsos deuses (Dt 18: 10-12).

O sacrifício de filhos primogênitos imolando-os diante de um ídolo era uma característica persistente do religião dos cananeus. Os fenícios eram cananeus, e já no século II a.C., o povo de Cartago, uma colônia fenícia, sacrificava seus filhos para a sua deusa, Tânita. Arqueólogos encontraram restos carbonizados de dezenas de milhares de recém-nascidos enterrados em Cartago. O costume de sacrifícar filhos fez com que os romanos desprezassem os cartagineses.

As histórias da Bíblia sobre o uso da força contra os cananeus são mais do que compensadas pelos relatos da destruição de Israel e Judá por exércitos estrangeiros. Estas violentas invasões também são descritas como sendo o juízo de Deus, agora voltado contra os israelitas, porque eles não se afastaram dos costumes religiosos dos cananeus. Até mesmo os reis de Israel e Judá são acusados ​​de praticarem sacrifício infantil (2 Rs 17:17; 21: 6, Ez 16:21).

Embora o Antigo Testamento não tolere o uso da força para purificar uma terra da violência e da injustiça, a atitude da Bíblia com relação a esta violência não é afirmar que ela é sagrada ou santa. Ao contrário, o rei Davi, que combateu durante muitos anos, com o apoio e a orientação de Deus, não teve a permissão de ser aquele que iria edificar o templo de Deus em Jerusalém, porque havia muito sangue em suas mãos (1 Cr 28: 3).

A violência é considerada pela Bíblia como um sintoma inerentemente mau da corrupção de toda a terra, depois do pecado: "e encheu-se a terra de violência" (Gn 6:11). Por outro lado, o profeta Isaías tinha em vista a época em que não haveria mais dias de violência. Isaías descreve o Ungido do Senhor como não familiarizado com a violência: "deram-lhe a sepultura com os ímpios, e com o rico esteve na sua morte, ainda que Ele não tenha cometido violência, nem havia dolo na sua boca" (Is 53: 9).

Desta maneira, o Antigo Testamento define o cenário para a revelação de Jesus Cristo. A pergunta essencial para os cristãos é "O que Jesus tem a ver com a violência?" Quando passamos a considerar Jesus e os discípulos, encontramos uma rejeição sistemática à violência religiosa. A mensagem de Jesus era a de que o seu Reino seria espiritual, e não político. Jesus condena explicitamente e repetidas vezes, o uso da força para alcançar os objetivos do Reino: "Mete no seu lugar a tua espada, porque todos os que lançarem mão da espada morrerão" (Mt 26:52).

Quando Jesus se dirigiu para a cruz, renunciou a força, mesmo com o custo da própria vida: "O meu Reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, lutariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus.; mas, agora o meu reino não é daqui" (Jo 18:36).

Em certo ponto, Cristo disse:"Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada" (Mt 10:34). Isto é citado, às vezes, por apologistas não cristãos, como evidência da militância de Jesus, mas a declaração tem lugar em uma extensa passagem, em que Jesus Jesus está advertindo os discípulos, sobre a inevitabilidade da perseguição. A espada à qual se refere é aquela que será levantada contra eles.

A atitude de Jesus para com a violência foi reforçada pelos apóstolos Paulo e Pedro, que incentivaram os cristãos a mostrar consideração pelos seus inimigos, a renunciar à retaliação, a viver de maneira pacífica, a retribuir maldição com bênção, e a demonstrar humildade aos outros (Rm 12: 14-21; Tt 3: 1-2; 1 Pe 2: 20-24). Eles também concordaram que as autoridades civis (muito provavelmente pagãs) deviam usar a força para manter a paz, e que esta função devia ser respeitada (Rm 13:1-7; 1 Pe 2:13-17). Isto era uma extensão da posição anterior dos judeus, de que eles deviam se submeter ao domínio da lei em qualquer nação em que se encontrassem, mesmo que o rei fosse pagão (Jr 29:4-7).

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